Eles vem vindo de Aruanda!
São muitos e estão dispostos a caminhar.
Alguns tem que percorrer uma longa jornada até chegar ao nosso coração.
Mas eles vem pra festejar.
Comemoram a liberdade.
13 de maio.
Dia da alforria dos escravos.
Alforriados foram os negros naqueles tempos passados e libertos hoje trabalham insistentemente para nos libertar de nossos preconceitos, de nossas amarras, de nossas culpas que nos mantém cativos a um passado que já não existe mais.
É tempo de celebrar esse encontro.
Já não há mais vítimas e algozes.
Hoje somos parceiros lutando pela libertação de nossas almas, trazendo alívio e alento àqueles que sofrem injustiças e vergam sobre o peso do retorno de grilhões que antes aprisionavam pés descalços. Eles nos ensinam, com muito amor, que a dor também nos liberta e pode ser suportada com resignação na construção de um futuro melhor para todos nós.
E nessa alegria eles vem descendo de todas as partes,
cantando suas canções, entoando suas rezas,
benzendo com suas ervas,
fumando seus cachimbos e cigarros de palha!
Vem, Pai Velho,
vem que já escuto sua voz forte
soando nos ventos de Aruanda!
E ela diz:
Cheguei, filhos cheguei pra trabalhar!
Traz arruda, traz guiné, traz alecrim.
Não se esqueça do majericão.
Traz meu rosário e também meu café.
Pai Velho vem aqui pra trabalhar.
Pai Velho vem de longe pra rezar.
Vem baixar nesse terreiro pra seus filhos encontrar.
Traz a benção de Zambi e a paz de Oxalá.
E um mistério muito lindo
Que vai sempre brilhar no coração e na alma de seus filhos.
Vamos todos juntos trabalhar!